Fraude no Detran: sobrinho de presidente da Alerj se entrega em Araruama


Rio - Um dos líderes da quadrilha que praticava fraudes em postos do Detran, Nildo Sá Ferreira se entregou à polícia. Sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Paulo Melo, ele era chefe das duas unidades de vistoria de Araruama, na Região dos Lagos. A mulher do acusado, a certificadora de veículos Luciana Francisca Bronze, está foragida.

Nildo, indicado pelo tio para a chefia do posto, se apresentou na 118ª DP (Araruama) acompanhado do advogado. O acusado está preso na carceragem de Araruama e deve ser transferido para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na próxima semana.
A polícia procura agora a mulher dele, responsável por emitir documentos de veículos que não compareciam aos postos de vistoria. Ela assinava os laudos baseados em informações falsas fornecidas por vistoriadores e peritos. O responsável por fiscalizar o processo era Nildo, conhecido como Dida.
A polícia fez buscas em diversos endereços da Região dos Lagos à procura de Luciana e cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do casal, em Saquarema.
Dos 44 mandados de prisão contra integrantes de quadrilhas que agiam em Araruama, São Pedro da Aldeia e Paracambi, 40 foram cumpridos. Além de Luciana, outras três pessoas estão foragidas.


Rio - Além de oferecer facilidades para emissão de documentos e remoção de multas do sistema do Detran, a quadrilha do posto de Paracambi, na Baixada, praticava outro tipo de fraude. O grupo utilizava ‘laranjas’ para comprar e vender veículos em leilões judiciais ou com pendências administrativas. Pelo menos 88 nomes foram usados no golpe. Nesta quinta-feira, mais um funcionário do órgão foi preso na cidade: já são 37 presos. Oito continuam foragidos.
Os fraudadores utilizavam endereços inexistentes no município para arrematar veículos. Segundo o delegado da 51º DP (Paracambi), Felipe Curi, os automóveis eram registrados no nome de pessoas que não moram em Paracambi. Uma idosa de 70 anos, por exemplo, teria 45 carros.
Arte: O Dia
Arte: O Dia
“Foi descoberta fraude na transferência de centenas de veículos para Paracambi, os quais foram cadastrados até em terrenos baldios. Foram identificados 88 ‘laranjas’, alguns com 50 veículos em seus nomes e cadastrados lá, sendo que nenhum deles reside na cidade”, explica Curi.
A quadrilha utilizava nome de um ‘laranja’ para arrematar veículo em leilão e não quitava o débito. O carro era transferido para outro ‘laranja’ e, depois, vendido. Graças à quadrilha do posto, o documento saía sem pendências e o carro era facilmente vendido.
Outro funcionário do Detran de Paracambi foi preso nesta quinta-feira: o vistoriador Alex Leonardo Cremonesi, 33 anos. Outros dois bandos atuavam nos postos de Araruama e São Pedro d’Aldeia.
Esquema de propinas
Esquema de corrupção em postos do Detran, onde ‘vistorias fantasmas’ e remoção de multas eram realizadas por propinas de R$ 50 a R$ 300, levou à prisão de funcionários, prestadores de serviço e despachantes. A operação, nesta quarta-feira, envolveu a Corregedoria do órgão, Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público estadual.
As fraudes aconteciam em três postos de vistoria, em Araruama e São Pedro d’Aldeia, na Região dos Lagos, e Paracambi, Baixada. Segundo o subcoordenador do Gaeco na Região dos Lagos, promotor Marcelo Maurício Barbosa Arsênio, os bandos não têm ligação. O grupo que agia em Paracambi recebia R$ 100 mil por mês, e os demais, R$ 250 mil. Somado, o lucro anual chegaria a R$ 4 milhões.
Segundo a investigação, os bandos fizeram dos postos ‘escritórios do crime’, onde qualquer irregularidade em veículos podia ser sanada. As propinas variavam conforme o cliente, dificuldade da operação ou o total de serviços solicitados. Era possível ter documento de vistoria anual por correspondência, sem levar o veículo ao posto. Transferências de propriedade eram feitas sem recolhimento da taxa, e registros de contratos de financiamento, sem autenticação. Multas e dívidas de IPVA eram apagadas.
Participação de donos de veículos será investigada
Com a prisão de funcionários e prestadores de serviços do Detran, a operação Direção Oposta parte para sua segunda fase. A polícia investiga agora os proprietários de veículos que utilizaram as ‘facilidades’ do esquema para conseguir documentos. Levantamentos iniciais mostram que pelo menos 500 automóveis de Paracambi, Araruama e São Pedro d’Aldeia foram beneficiados com a fraude.
Segundo o delegado da 51ª DP (Paracambi), Felipe Curi, a operação de ontem foi apenas a “ponta do iceberg”. Outro inquérito policial foi instaurado para continuar as investigações, já que foi descoberta a existência de fraude na transferência de pelo menos 200 veículos para o município.
“Com a apreensão dos processos de legalização desses veículos feita hoje, vamos identificar e prender a outra parte da quadrilha”, explica Curi. Desde o início do ano, foram emplacados no município 1,4 mil veículos, número considerado elevado para cidade com cerca de 40 mil habitantes.
“Essa política de extirpar a corrupção é permanente e recairá sobre todo e qualquer funcionário ou prestador de serviços flagrado na prática de ações não condizentes com o serviço público”, afirma o Detran-RJ em nota.
Fonte Jornal O DIA

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